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Quando se fala de passadiços em Portugal, a associação aos Passadiços do Paiva é quase imediata. Localizam-se na margem esquerda do Rio Paiva, no concelho de Arouca, dentro do Arouca Geopark e foram os primeiros passadiços projetados em Portugal, sendo inaugurados em 2015.


São uma maravilhosa união entre a engenho humano e a beleza natural dos diferentes habitats presentes num percurso que se estende por quase 9Kms. A estrutura feita de tábuas de madeira oferece aos visitantes uma oportunidade única de explorar uma paisagem incólume, que se revela como um verdadeiro santuário para a biologia, geologia e arqueologia.

O projeto finalizado e o continuado esforço das autoridades locais tem gerado o reconhecimento internacional, um grande orgulho no povo português e inúmeros prémios de turismo. A atração recebeu o prémio máximo do turismo mundial, o "Oscar" do turismo desde 1993, o World Travel Awards, como o “Melhor Projeto de Desenvolvimento Turístico da Europa” nos anos 2016, 2017, 2018, 2019, 2021.
Tendo vencido também nas seguintes categorias: principal Atração Turística de Aventura do Mundo em 2018, 2019, 2020, 2021, 2022; principal Atração Turística de Aventura da Europa em 2018, 2019, 2020, 2021, 2022; principal Atração Turística da Europa em 2022.

Margarida Belém, Presidente da Autarquia de Arouca falou sobre o reconhecimento em forma de prémios dado ao esforço de anos e inúmeras instituições interessadas referindo: “Cinco anos consecutivos a figurar entre os maiores do turismo a nível mundial é, naturalmente, algo que nos deve orgulhar a todos”.

Estes são prémios que ajudam à divulgação dos Passadiços do Paiva em Portugal e pelo mundo, mas a verdade é que a beleza dos passadiços ultrapassa qualquer prémio e distinção. São considerados os pioneiros em Portugal de uma moda que fez multiplicar o número de construções deste género em todo o país e na Europa.

A cada passo, os visitantes percorrem mais de oito quilómetros de trilhos, que facilmente se duplicam para 16 km, caso se decida embarcar numa jornada de ida e volta pelo vale do rio Paiva, situado no renomeado Arouca Geopark, reconhecido pela UNESCO como património geológico da humanidade.

O percurso no sentido Areinho-Espiunca é o menos exigente a nível físico, segundo recomendação de quem sabe (neste caso, da Câmara Municipal de Arouca). Nesta direção, a subida é ligeiramente mais fácil (450 degraus contra 310). Se a sua intenção é fazer a ida e volta dos Passadiços, use a estratégia inversa. Ou seja, comece em Espiunca, vá até Areinho e volte. Desta forma, evita também o troço final de 16 quilómetros pela margem do Paiva com uma exigente subida pelos degraus.

Essa área é uma das mais selvagens do vale, que anteriormente era acessível apenas para os aventureiros mais destemidos, que desafiavam as águas agitadas do rio Paiva em atividades como rafting, caiaque ou canyoning.


Hoje em dia, após a incursão municipal, são quilómetros de ameno passeio, passando por bosques, escarpas, praias fluviais, cascatas, e com aprendizagem imersiva de biologia, geologia e arqueologia, donde poderá aceder a cinco Geossítios (locais de grande interesse) com características singulares:

  • Falha da Espiunca: mesmo junto à ponte da Espiunca, herda o nome da aldeia onde começam os Passadiços do Paiva (ou terminam, dependendo do sentido que preferir). Trata-se de uma falha geológica de importância histórica, polvilhada de quartzitos negros com mais de 550 milhões de anos que é um ilustre exemplar do sistema de falhas surgido durante o processo de formação das serras do Montemuro e maciço da Gralheira.

  • Gola do Salto: Desnível de quatro metros, que caracteriza este geossítio e é o mais acentuado do rio Paiva. Faz as delícias de quem se lança na adrenalina de um percurso de rafting – além do valor geomorfológico existente no local.

  • Praia do Vau: (zona de recreio e lazer) - esta praia fluvial é a zona de eleição para descansar a meio do percurso nos Passadiços do Paiva. Ao contrário da zona mais estreita do rio, aqui as águas são calmas e convidam a mergulhos refrescantes. É também uma oportunidade para observar, detalhadamente, o opulento corredor verde representante das espécies da região: freixos (Fraxinus angustifolia), fetos-reais (Osmunda regalis) ou a espécie endémica portuguesa Anarrhinum longipedicellatum (com as suas delicadas flores arroxeadas). A flora dá abrigo a diversas espécies de animais, como a salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica), a borboleta-imperador-pequena (Apatura ilia) ou a libélula Macromia splendens. Com acesso por degraus, a praia dispõe de bar de apoio, zona de merendas e ponto de partida/chegada de vários percursos desportivos em águas bravas.

    Praia do Vau

    Sobre a praia do Vau, a maior ponte pedonal suspensa do mundo (record ate o ano 2022, no qual a República Checa le roubou o lugar), é uma forma diferente de olhar o rio Paiva e a paisagem natural que o rodeia e certamente uma recompensa para quem é imune a vertigens. Percorrer a ponte suspensa que une as duas margens, na zona onde antigamente se fazia a travessia de barca entre Canelas e Alvarenga, pode parecer assustador, mas a vista por cima do rio compensa qualquer receio. A partir da ponte, há um outro acesso à praia do Vau.


  • Ponte suspensa

  • Cascata das Aguieiras: uma cascata, um castelo e muita biodiversidade é o que poderá encontrar nesta queda de água que embeleza ainda mais a garganta do Paiva. Para vislumbrar este recanto basta afrouxar o passo do passeio nos Passadiços e parar no miradouro. Na margem oposta, a queda abrupta da água em sucessivos desníveis (ao longo de mais de 160 metros) chama logo a atenção por entre vegetação e rocha. Do miradouro é possível observar também o Castelo de Carvalhais, que servira para controlar a passagem no rio no início do século X.


  • Cascata das Aguieiras

  • Garganta do Paiva: troço mais estreito do rio Paiva e reconhecido pelas águas bravas ideais para a prática de rafting e hidrospeed. A ponte de pedra de Alvarenga (na entrada dos Passadiços pelo Areinho) oferece a vista perfeita para as extensas escarpas de paredes graníticas, nas quais o Paiva se encaixa.


RESUMO:

LOTAÇÃO: Número limitado de pessoas, com reserva e com entrada paga.
TERRENO: Desníveis acentuados.
TIPO DE PERCURSO: Pequena Rota.
ÂMBITO: Desportivo, Cultural, Ambiental e Paisagístico, Geológico.
ÉPOCA RECOMENDADA: Todo o Ano.
PASSAGEM POR GEOSITIOS: Garganta do Paiva (G36); Cascata das Aguieiras (G35); Praia Fluvial do Vau (G30); Gola do Salto (G31); Falha de Espiunca (G32).
GESTÃO E MANUTENÇÃO: Município de Arouca.
SERVIÇOS: Cafés (com refeições rápidas), Casas de banho, Telefones SOS ao longo do percurso, Parques de estacionamento.
ATIVIDADES RELACIONADAS: excursões com canoagem, rapel, rafting, tubing, visita ponte suspensa e museus especializados.
DONDE COMER: Você encontrará facilmente estabelecimentos gastronómicos de excelência nas áreas circundantes, que o farão desejar retornar, apenas para saborear aquele delicioso bife de Alvarenga, ou aquela vitela assada, o bife à arouquesa, os medalhões de vitela, as espetadas de vitela à arouquesa, o costelão à arouquês, a vitela à púcara, entre muitos outros pratos típicos da região.
DONDE FICAR: Se você está a procurar pernoitar perto dos Passadiços do Paiva, as opções são diversas e a escolha depende essencialmente da sua preferência entre ficar em zonas mais urbanas ou mais rurais, próximo a algumas das principais atrações, como os Geossítios do Geoparque.

CURIOSIDADES:
  • Pode observar a biodiversidade do local, com espécies em vias de extinção na Europa.
  • O Rio Paiva nasce na Serra de Leomil e desagua no rio Douro, em Castelo de Paiva. É um dos rios mais limpos da Europa e local de desova de trutas.
  • A Ponte de Alvarenga é uma ponte do século XVIII, construída pelos anos de 1770, com cerca de 22 metros desde a extremidade superior das guardas à flor da água. O seu arco principal tem cerca de 7 metros de vão.


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Marisol Ferreira
Obcecada com detalhes de arquitetura e a poesia no inesperado, contadora de historias e mãe galinha.