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Nas notícias recentes, o mercado de aluguer de curto prazo em Portugal está passando por mudanças significativas com a introdução de nova legislação conhecida como Mais Habitação. Essa legislação concede mais autoridade às autarquias locais e condomínios, afetando proprietários de imóveis e o setor de turismo.



Principais Destaques da Legislação: Isenção de Impostos

Proprietários que retirarem suas casas do mercado de aluguer de curto prazo (Alojamento Local ou AL) até o final de 2024 e as transformarem em alugueres residenciais de longo prazo serão elegíveis para uma isenção do Imposto de Renda (IRS) ou Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas (IRC) sobre a renda do aluguel até o final de 2029.
Para se qualificar para a isenção do IRS ou IRC sobre a renda de aluguer, os proprietários de propriedades AL devem atender aos seguintes critérios:

  1. A data de registro do estabelecimento AL deve preceder 31 de dezembro de 2022.
  2. O contrato de locação para aluguer residencial de longo prazo deve ser concluído até 31 de dezembro de 2024.
Este incentivo fiscal visa encorajar os proprietários de imóveis a transferir suas propriedades do mercado de aluguer de curto prazo para o mercado de habitação de longo prazo, aumentando potencialmente a disponibilidade de moradias para alugar em Portugal.

Impacto Potencial no Setor de Turismo: Principais Resultados de um Estudo da Nova SBE

  1. Escassez de Hotéis: De acordo com um estudo realizado pela Associação de Alojamento Local (ALEP) em parceria com a Nova SBE, acomodar todos os turistas atualmente hospedados em alugueres de curto prazo (Alojamento Local ou AL) exigiria a construção de 1.030 hotéis adicionais em Portugal. Especificamente, Lisboa precisaria de 211 novos hotéis, e o Porto requereria 168, quase igualando os 169 do Algarve.
  2. Sector Essencial: O estudo enfatiza que a remoção de propriedades AL exigiria um aumento na capacidade tradicional de hotéis em mais de 50%. Isso destaca o papel vital do AL na acomodação de turistas e na sustentação do setor de turismo em Portugal.
  3. Escassez de Camas: O economista Pedro Brinca destaca a escassez de camas disponíveis, mencionando que em 2019, Portugal tinha 1.923 hotéis em operação (110 no Porto, 224 em Lisboa e 409 no Algarve). Mantendo a mesma proporção de pernoites por hotel, o desaparecimento do AL exigiria a criação de 1.030 novas unidades hoteleiras para acomodar os turistas.
  4. Contribuição Econômica: Em 2019, o setor AL foi responsável por 306.096 empregos diretos e indiretos, equivalente a 6,18% do total nacional. Isso significa que cada propriedade AL gera quase quatro empregos. Além disso, o AL contribuiu com €9,9 bilhões para o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, representando 4,64% do PIB nacional.

Impacto nos Proprietários de Imóveis

O estudo também revela insights sobre as respostas dos proprietários de imóveis à legislação Mais Habitação:

  • Localidades Diversas: As propriedades AL estão espalhadas, com 74% das novas licenças AL concedidas fora de Lisboa e Porto, destacando sua importância em várias regiões.
  • Perfil do Proprietário: O setor AL é caracterizado como altamente fragmentado, com a maioria dos proprietários de imóveis tendo de uma a três unidades. Para 46% deles, o AL gera renda mensal abaixo de €1.000.
  • Estratégias de Adaptação: Em resposta às novas regulamentações, um número considerável de proprietários planeja reduzir novos investimentos. No entanto, a maioria não pretende mudar suas propriedades para alugueres de longo prazo, com apenas 13% considerando essa opção.
  • Soluções Alternativas: Em vez disso, 57% dos proprietários de propriedades AL estão considerando alugueres de médio a longo prazo para estrangeiros, enquanto cerca de metade utilizará suas propriedades como segunda residência.

Em resumo, a legislação Mais Habitação está prestes a trazer mudanças significativas no setor AL de Portugal. Embora aborde certas preocupações relacionadas ao uso de propriedades, ela também destaca o papel crítico do setor na indústria de turismo do país, sua substancial contribuição econômica e a necessidade de encontrar um equilíbrio entre medidas regulatórias e crescimento sustentável no setor.


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Marisol Ferreira
Obcecada com detalhes de arquitetura e a poesia no inesperado, contadora de historias e mãe galinha.